|
António Vieira ou, mais conhecido como Padre António Vieira, foi um
religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Notável prosador e o mais conhecido orador religioso português, o Padre
António Vieira nasceu em 1608 em Lisboa, filho primogénito de um modesto casal
burguês, e faleceu na Baía em 1697.
Quando tinha apenas seis anos, os seus pais mudaram-se para o Brasil,
tendo aí iniciado os seus estudos no curso de Humanidades no Colégio da
Companhia de Jesus, onde revelou dotes excecionais. Aos 15 anos, após ter
ouvido um sermão sobre as torturas do Inferno decidiu ingressar na Companhia de
Jesus apesar da oposição dos pais.
Guiado pelos pressupostos e práticas jesuítas, que apontavam para o objetivo
primordial da salvação do próximo através da pregação, exerceu a sua função evangelizadora
junto dos indígenas onde passou algum tempo.
Em 1625, António Vieira fez votos de pobreza, castidade e obediência,
propondo-se missionar entre os escravos negros. Após ter sido ordenado padre em
dezembro de 1634, depressa se avolumou a sua fama de orador e se celebrizaram
os seus sermões que refletiam e criticavam a ganância, a injustiça e a
corrupção. Foi nomeado pregador régio pelo rei D. João IV no dia 1 de janeiro
de 1642. A sua situação privilegiada dentro da corte contribuiu para que fosse
encarregue de diversas missões diplomáticas, o que não agradou a Companhia de
Jesus que começou a ver com maus olhos a sua influência nos destinos do país,
ameaçando-o de ser expulso. A pedido da mesma, voltou ao Brasil em 1653, onde
assumiu um papel muito ativo nos conflitos entre jesuítas e colonos. No ano seguinte
pregou o célebre Sermão de Santo António
aos Peixes. Foi expulso pelos colonos e regressou a Lisboa no ano 1661 onde
reinava D. Afonso VI. Continuou escrevendo sermões e foi nesta altura que a
Inquisição o prendeu sob a acusação de que tomava a defesa dos judeus e de que
acreditava nas profecias de Bandarra.
Foi amnistiado quando D. Pedro II subiu ao trono retomando as pregações
em Lisboa.
Retirou-se de vez para o Brasil em 1681 onde se entregou ao trabalho de
compor e editar os seus sermões. A sua prosa é vista como um modelo de estilo
vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero virtuosismo
barroco. A sua riqueza e propriedade verbais, os paradoxos e os efeitos
persuasivos que ainda hoje exercem influência no leitor, a sedução dos seus
raciocínios, o tom por vezes combativo, e ainda certas subtilezas irónicas,
tornaram a arte de António Vieira admirável. As obras Sermões, Cartas e História do
Futuro ficam como testemunho dessa arte.
"Os inimigos que mais temo a Portugal
são soberba e ingratidão, vícios tão naturais da próspera fortuna que, como
filhos da víbora, juntamente nascem dela e a corrompem." Pe. António
Vieira
Comentários
Enviar um comentário